Selo Demônio Negro

Autores

Horácio Costa

É formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Estudou, a partir de 1981, na Universidade de Nova Iorque, no Departamento de Espanhol-Português e doutorou-se, em 1986, na Universidade de Yale, em New Haven, com a dissertação José Saramago: do Neo-Realismo à Intertextualidade. Foi professor na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM); É professor de Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). É autor, entre outros livros, de Satori (Iluminuras, 1989); O Livro dos fracta (Iluminuras, 1990); The Very Short Stories (Iluminuras, 1991); O Menino e o Travesseiro (Geração, 1993); Quadragésimo (Ateliê Editorial, 1999); Fracta: antologia poética, seleção de Haroldo de Campos (Perspectiva, 2004); Paulistanas / Homoeróticas (Lumme editor, 2007); Ravenalas (Selo Demônio Negro, 2008); Ciclópico olho (Selo Demônio Negro, 2011); 11/12 onze duodécimos (Lumme editor, 2014); A hora e a vez de Candy Darling (Martelo, 2016) e da tradução de Pedra de Sol, Octavio Paz (Selo Demônio Negro, 2010).

Anne Waldman

Publicou, em 1975, Fast Speaking Woman (A mulher que fala rápido), um livro-poema em que a autora faz uso particular de técnicas de poesia oral, da música e influências xamânicas. Segundo Allen Ginsberg, este poema estabeleceu o retorno às fontes da oralidade poética e da poesia de “performance”, dois elementos-chave na poesia norte-americana entre os anos 70 e 90, uma forma híbrida de leitura e apresentação que atraía um público cada vez maior às apresentações, num momento em que a mídia de massa previa o desaparecimento da poesia no palco.

Diane Di Prima (1934-2020)

É um dos nomes mais destacados da Geração Beat. Sua vasta obra poética foi escrita em pouco mais de seis décadas. Um de seus livros mais conhecidos, Memórias de uma Beatnik descreve uma estranha aventura sexual que inclui Ginsberg e Kerouac, entre outros. Di Prima fundou uma editora (a Poets Press) e publicou alguns de seus colegas mais próximos. Ao todo, tem publicados 43 livros de prosa e poesia. Entre os mais destacados: Revolutionary Letters (1971) e Loba (1978). [v. m.]

Marie Ponsot (1921-2019)

Conheceu Lawrence Ferlinghetti logo após a Segunda Guerra Mundial, que publicou seu livro de estreia Poinsot, pela sua City Lights Press. Elogiada por críticos de peso como Harold Bloom, que a comparou a Waldo Emerson, dizendo que sua eloquência corajosa é sustentada ao longo de seu trabalho, montando, assim como o fundador da filosofia transcendentalista, uma  “escala de surpresas.” Traduziu mais de 30 livros do francês para o inglês, desde o fim da década de 50, incluindo as Fábulas de La Fontaine.

Elise Cowen (1933-1962)

Teve influência da poesia de Emily Dickinson, T. S. Eliot, Ezra Pound e Dylan Thomas desde muito jovem, quando conheceu, no início dos anos 50, Jack Kerouac. Logo depois, conheceu Allen Ginsberg por quem se apaixonou. Essa relação levou-a uma vida errante e cada vez mais afetada por problemas psicológicos, foi por várias vezes internada. Numa de suas crise, em fevereiro de 1962, pulou de uma janela no sétimo andar. A maior parte de seus escritos foram destruídos pelos vizinhos a pedido de seus pais, desconfortáveis com a sua sexualidade.

Denise Levertov (1923-1997)

Declarou-se escritora aos cinco anos de idade. Aos doze, escreveu uma carta com alguns de seus poemas a T.S. Eliot, que carinhosamente lhe respondeu oferecendo conselhos. Seu primeiro livro, A imagem dupla, foi publicado em 1946. No ano seguinte, mudou-se para os Estados Unidos, após casar-se e adotar a nacionalidade americana, começa a utilizar diálogos em sua escrita, influenciada pela poesia de William Carlos Williams. No seu livro The Sorrow Dance (A dança da tristeza), utiliza a poesia como marca da sua inserção na luta política e no movimento feminista.

Gil Jorge

Nasceu em Santo André (SP, Brasil) em 1960. Poeta, editor e promotor de eventos culturais. Boa parte dos poemas que realizou desde os anos 80 se situa na vertente de uma caligrafia gestual e tipográfica. Foi co-organizador da mostra Poesia Evidência, em 1984, na PUCSP; coeditor da revista de caligrafias impressa em serigrafia pela Entretempo, AGRRAFICA, em 1987; coeditor do álbum Atlas, com mais de 80 participantes, entre cineastas, artistas plásticos, poetas, músicos etc. Participou com vários poemas ao longo das edições da revista Artéria, editada por Omar Khouri e Paulo Miranda. Vive em Paraty (RJ).

Ana Hatherly (1929-2015)

É conhecida pelo experimentalismo de sua obra poética, a espacialização da palavra e a exploração caligráfica da relação entre desenho e escrita. Evidentemente, por sua sua atuação na revista Poesia Experimental, como autora ou co-autora de alguns dos textos fundadores de um “não movimento” de um “não grupo” sem manifesto: a Poesia Experimental Portuguesa (PoEx), surgida em Portugal nos anos 1960 e diretamente influenciada pela Poesia Concreta brasileira e os demais movimentos de vanguarda europeus, que experimentavam a tipografia desde o Futurismo. O grupo era formado por nomes importantes do experimentalismo poético, como E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Salette Tavares, Silvestre Pestana, António Aragão, César Figueiredo, entre outros. Natural da cidade do Porto, Ana Hatherly estudou Filologia Germânica, na Universidade de Lisboa, e Cinema, na International London Film School, e doutorou-se em Estudos Hispânicos do Século de Ouro, pela Universidade da Califórnia. A partir de 1964, assimilou o experimentalismo caligráfico, núcleo da sua obra que explora o próprio corpo da escrita, nos gestos do ato de escrever. Mas é no poema-ensaio e na micronarrativa que a autora de Um calculador de Improbabilidades (2001) construiu sua “estética da subjetividade feminina”, marcada por forte relação com as formas barrocas, objeto de sua pesquisa acadêmica. A paixão pelo barroco, aliás, levou a autora a estudar lírica e música, chegando inclusive a especializar-se na Alemanha. Ana é um dos nomes mais importantes da segunda metade do século XX, no que se refere à experimentação poética. E sua proposta sempre foi o apagamento das fronteiras entre palavra e imagem, num espaço-tempo entre o barroco e a poesia visual, dois sistemas labirínticos da linguagem, que causam, na relação com o leitor/espectador, o choque da surpresa. A autora não se fixou apenas no Barroco histórico. Sua visão sobre essa estética é litúrgica, sensível às cartografias de suas experiências visuais e cinematográficas. Uma leitura atenta à obra de alguns poetas que integraram a PoEx pode nos mostrar a vinculação à tradição (veja-se a lírica de E. M. de Melo e Castro, impressa em cada verso, milimetricamente musicado com a regência que D. Dinis já reivindicava à trova portucalense, no século XIII). Na poesia de Ana Hatherly, esse vínculo se dá numa reinvenção do barroco, em que as alegorias são re-interpretação, onde “tudo e outra coisa é uma escada”, como disse Paulo Pires do Vale, curador de uma das mais completas exposições da obra de Ana Hatherly, no Museu Calouste Gulbenkian, em 2018.

Tatiana Fraga

Poeta, jornalista e gestora de projetos educativos e culturais,  foi idealizadora e diretora do Espaço de Leitura do Parque da Água Branca, entre 2010 e 2020, diretora do Projeto PraLer – Prazeres da Leitura (2009) e diretora cultural da Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campo de Poesia e Literatura (2008). Foi curadora do FLIIC – Festival de Literatura Infantouvenil da Casa (2021), coordenou o projeto ‘Cinco anos do Memorial da Inclusão pelos Direitos das Pessoas com Deficiência’, entre outros tantos projetos. Atriz e co-criadora do espetáculo ‘Anti- pássaro – poemas de Orides Fontela’. Autora dos livros Nino e Nina (Ed. Mundo Mirim, 2012), Brasa (Ed. Dulcinéia Catadora, 2009) e Espelho (edição da autora, 2008). Ministra oficinas literárias em espaços como Lugar de Ler e A Casa Tombada.

Eduardo Jorge

Publicou San Pedro (2004), Espaçaria (Lumme Editor, 2007), Caderno do estudante de luz (Lumme Editor, 2008), Pá, pum (Com Lucila Vilela, Tipografia do Zé, 2009), A casa elástica: minisséries(Lumme Editor, 2015), Como se fosse a casa(com Ana Martins Marques, Relicário, 2017), Teoria do Hotel (Selo Demônio Negro, 2018). Vive e trabalha em Zurique.

 

Evelyn Blaut-Fernandes

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. É pesquisadora e autora de ensaios. As dezenove regras do romance policial é o seu primeiro livro de ficção.

 

Ademir Assunção

É poeta e jornalista. Publicou 14 livros de poesia, contos, romance e jornalismo, entre eles A Voz do Ventríloquo (Prêmio Jabuti 2013), Pig Brother (finalista do Prêmio Jabuti 2016), Ninguém na Praia Brava, Adorável Criatura Frankenstein, Zona Branca, LSD Nô e Faróis no Caos. Tem poemas e contos traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, publicados nos EUA, Espanha, Argentina, México, Peru e Alemanha. Gravou os cds de poesia e música Viralatas de Córdoba Rebelião na Zona Fantasma. Letrista de música popular, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Titane, Patrícia Amaral e Ney Matogrosso. Jornalista profissional há mais de três décadas, trabalhou como repórter e editor em grandes jornais e revistas do país, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Marie Claire. Idealizador e curador da exposição Leminski: 20 Anos em Outras Esferas, sobre a obra do poeta curitibano, no Instituto Itaú Cultural. É um dos editores da revista literária Coyote.

 

Lezama Lima (1910-1976)

Foi uma das figuras mais influentes da literatura latino-americana. Romancista e ensaísta, é como poeta que se torna um pensador da cultura: “Sólo lo difícil es estimulante”. Esta afirmação, proferida numa conferência em 1957, ilustra a postura do poeta cubano, etrusco de la Habana vieja, frente ao desafio de um projeto poético “proliferante”, segundo Haroldo de Campos. Essa proliferação se constitui como uma geração de sistemas de signos que deslocam a noção de “centro”, como escreveu a profa. Irlemar Chiampi, no livro Barroco e Modernidade. A noção de “América”, para Lezama, vai além do referente restritivo nela convencionalizado. Amplia a noção de “América Ibérica”, de Henríquez Ureña, ou a de “América Hispânica”, de Octavio Paz, ou ainda o conceito de “América Latina”, já que a noção manipulada por Lezama inclui (surpreendentemente) os Estados Unidos.  A proliferação neobarroca — um centro de irradiação dos signos — está presente em toda a produção Lezamiana, inclusive nos ensaios. A leitura de seus versos exige a coragem de não ceder aos desafios impostos por um poeta pensante. Hermético, por instinto, Lezama Lima procura a revelação do mistério da poesia. Assim como San Juan de la Cruz, faz prevalecer o sentir sobre o dizer. Em certo sentido, devolve à poesia a sua essência: a “inutilidade” da palavra, desprovida de música desde Dante.  A produção poética de Lezama Lima, impressa em livros como Muerte de Narciso (1937), Enemigo Rumor (1941), Aventuras Sigilosas (1945), La Fijeza (1949), Dador (1960), Fragmentos a su imán (1978), forma um sistema poético que tenta explicar os sentimentos do mundo através da metáfora, da imagem“la imagen es la realidad del mundo invisible”. Esse sistema como um todo é revelado também na sua obra mais conhecida, o livro Paradiso, como essência da continuidade da tradição romântica, uma “paisagem” – que inclui a natureza como espiritualidade — revelada pela cultura. 

 

Augusto de Campos

É poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música. Em 1951, publicou o seu primeiro livro de poemas, o rei menos o reino. Em 1952, com seu irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou a revista literária Noigandres, origem do Grupo Noigandres que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil. Em 1956, participou da organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta (Artes Plásticas e Poesia), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua obra veio a ser incluída, posteriormente, em muitas mostras, bem como em antologias internacionais como as publicações Concrete Poetry: an International Anthology, organizada por Stephen Bann (Londres, 1967), Concrete Poetry: a World View, por Mary Ellen Solt (University of Bloomington, Indiana, 1968), entre outras. Sua obra inclui as coletâneas de poesia VIVA VAIA (1979), Despoesia (1994), Não (2003) e Outro (2015), além dos livros-objeto Poemóbiles Caixa preta, em colaboração com Julio Plaza. Sua contribuição para a cultura literária brasileira e à língua portuguesa é imensurável. Traduziu poetas trovadores provençais como Arnaut Daniel e Raimbaut d’Aurenga, entre outros; poetas russos como Anna Achmatowa, Boris Pasternak, Wladimir Majakowski, Ossip Mandelstam, Sergej Iessenin, Marina Zwetajewa; poetas de língua alemã como Alexander Blok, August Stramm, Friedrich Hölderlin, Arno Holz, Kurt Schwitters, Rainer Maria Rilke; os italianos Dante Alighieri, Guido Cavalcanti; de língua inglesa como Lord Byron, Hart Crane, e.e. cummings, Emily Dickinson, John Donne, Paul Fleming,  Gerard Manley Hopkins, James Joyce, Gertrude Stein, Wallace Stevens, Dylan Thomas, William Butler Yeats, Marianne Moore, Sylvia Plath, Ezra Pound; os franceses Paul Valéry e Arthur Rimbaud; poetas de língua espanhola como argentinos Jorge Luis Borges e Oliverio Girondo, os mexicanos Octavio Paz e Soror Juana Inés de la Cruz, o chileno Vicente Huidobro, entre tantos outros.

 

Ezra Weston Loomis Pound (1885-1972)

Foi um poeta, músico e crítico literário americano que, junto com T. S. Eliot, foi uma das maiores figuras do movimento modernista da poesia estadunidense do início do século XX. Ele foi o motor de diversos movimentos modernistas, notadamente do Imagismo (idealizador e principal representante) e do Vorticismo.

 

Vanderley Mendonça

Editor do Selo Demônio Negro, é jornalista, designer, tipógrafo, esgrimista e tradutor. Lecionou Editoração na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA-USP. Estudou Colorimetria (Master’s Degree in Color Science) no RIT – Rochester Institut of Technology, Rochester, EUA, onde se especializou em Teoria das Cores. Traduziu, entre outros livros, Poesia Vista, antologia bilíngue do poeta catalão Joan Brossa (Amauta/Ateliê, 2005), Crimes Exemplares, de Max Aub (Amauta, 2003), Nunca aos Domingos, de Francisco Hinojosa (Amauta, 2005), Greguerías, de Ramón Gómez de La Serna (Selo Demônio Negro, 2010), Meninas que vestiam preto, antologia de mulheres da geração beat (Selo Demônio Negro, 2017), Mini-antologia da poesia holandesa e flamenga (Selo Demônio Negro, 2019), Poesia/Gedicht, de Hermann Hesse (Selo Demônio Negro, 2020). É autor do livro ILUMINURAS, (Ed. Patuá, 2013).

 

Jean Racine (1639-1699)

É um dos mais importantes dramaturgos do século XVII. Escritor, historiador e poeta é considerado o mestre da tragédia na França e o primeiro autor de teatro a viver do dinheiro arrecadado com a venda de suas obras. Os detalhes na decoração do palco, o texto, a expressividade dos atores foram atributos que o distinguiram do resto dos dramaturgos da época. Órfão de pai e mãe com apenas quatro ano de idade, foi criado pela avó materna Marie des Moulins, viúva, que decidiu levar o neto para um convento fazendo com que Racine recebesse formação acadêmica com forte tendência religiosa, sob as influências teológicas do jansenismo, que enfatizava o pecado como predestinação, negava o livre-arbítrio e sustentava ser a natureza humana por si só incapaz do bem. No entanto, os clássicos da literatura grega e latina eram uma parte fundamental dos estudos que conduziam os intelectuais da época. Embora ele tenha sido enviado pelos jansenistas a Paris para estudar direito, aos 18 anos de idade o interesse de Racine pela arte poética o levou a tomar outro rumo em sua educação. Uma série de sonetos compostos em 1659 lhe valeram boas críticas de Nicolas Boileau, um dos críticos de poesia mais importantes da França, na sua época. Após várias tentativas de obter reconhecimento como poeta, Jean Racine optou por provar sua grandeza como dramaturgo. Isso resultou no rompimento com seus professores jansenistas, que rejeitaram o teatro por considerá-lo uma ilusão. A partir de então, Racine escreveu obras de grande sucesso de público e crítica. Sua notoriedade levou-o a fazer parte da Academia Francesa e em 1674 foi nomeado tesoureiro da França. Em 1679, Racine casou-se com Catherine de Romanet, uma religiosa e intelectual, fiel à religião jansenista. A proximidade da mulher com a doutrina fez com que o dramaturgo se afastasse de sua carreira no teatro e fortaleceu o vínculo que mantinha com a religião.

 

Paul Valéry (1871-1945)

Escritor, poeta, ensaísta e filósofo francês é o principal representante da chamada poesia pura. Como prosador e pensador (se considerava um antifilósofo), a leitura e o comentário de seus textos influenciou autores como Theodor Adorno, Octavio Paz e Jacques Derrida. Na adolescência pensou em tornar-se marinheiro, mas alguns contratempos o obrigaram a desistir da preparação para o ingresso na Escola Naval. Em 1889, iniciou os estudos de Direito no Liceu de Montpellier. Suas recordações dessa época são o grito da alma de um poeta obrigado a conviver com o tipo de ensino que ainda hoje perdura em todas as sociedades: “a estupidez e a insensibilidade parecem-me inscritas no programa. Mediocridade de alma e total ausência de imaginação entre os melhores da classe ”. Naquela época, suas principais atividades consistiam em ansiar pela frustrada carreira de marinheiro (“Estou embriagado com a beleza das coisas do mar e me esforço para apreender sua arriscada e triunfante beleza”, escreveu em 1891) e para descobrir, a partir de a leitura de Contra a corrente, de Huysmans, a literatura e a obra de poetas como Baudelaire, VerlaineRimbaud e mais tarde Mallarmé. Já então encontrava na arte “a única coisa sólida”, na metafísica “nada mais que tolice”, na ciência “um poder especial demais”, na vida prática “uma decadência, uma ignomínia”. Em Montpellier conheceu Pierre Louys e, através dele, André Gide, com quem consolidaria uma amizade duradoura. Foram os primeiros ouvintes dos versos que escreveu e que seriam publicados na revista La Conque (fundada por GideLéon Blum e Henry Béranger), e do poema Narcisse parle, posteriormente publicado no LʻErmitage. Em 1892, na noite de 4 para 5 de outubro, uma crise que ficou conhecida como Noite de Gênova ocorreu em sua vida, por ter ocorrido naquela cidade portuária. O acontecimento começou a ganhar corpo em junho de 1891, quando Valéry encontrou por acaso na rua uma catalã, por quem se apaixonou. Era uma mulher dez anos mais velha, que ele tornou a ver em outras ocasiões, mas sem ousar se aproximar dela. Segundo o testemunho do amigo Henri Mondor, “o seu langor, o ligeiro balançar da cintura, seus trajes de amazona e uma inquietante desenvoltura o tocaram a ponto do poeta se apaixonar por ela. Ele mal sabia seu nome dele e ela não o conhecia”. Numa carta a Guy de PourtalèsValéry confidenciou: “Pensei que estava enlouquecendo ali, em 1892, numa noite branca – branca de relâmpagos – que passei sentado desejando ser abatido.” E em outro texto mais ou menos da época: “Noite Infinita. Crítica. Talvez o efeito dessa tensão do ar e do espírito… Sinto-me OUTRO esta manhã. Mas — sentir-se o Outro — isso não pode durar (…)”  Este texto citado por Valéry (“Noite infinita. CRÍTICA …”) está relacionado com o Mémorial Pascaliano (aquele pedaço de papel no qual o filósofo de PortRoyal escreveu os detalhes de sua revelação e que usou costurado em sua jaqueta até sua morte). Para Charles Moeller “a noite de Valéry não foi nem de amor humano nem de amor divino; nem mesmo um sentimento de presença de qualquer espécie: era um susto, uma descoberta da vaidade radical de sua vida anterior. Noite mística, sob o signo do nada ”. Com o acontecimento, Valéry decidiu separar-se de si mesmo, daquele eu que classificou de falso, ao mesmo tempo que separou de si os “ídolos”, como os chamou. Em primeiro lugar, o ídolo do amor, concentrado em uma imagem que desmantelou seu intelecto: a amazona catalã; depois literatura, religião; emocionalidade, que destruiu o equilíbrio da inteligência. Mas então a violência de sua sensibilidade o forçou a buscar um lugar existencial estável. Ele escolheu, em suas próprias palavras, o intelecto, o ídolo do intelecto. A partir daí, para ele, o conteúdo deixaria de ser importante, o que seria apenas vaidade; o essencial seria o mecanismo do fato, o segredo da forma. Em todo caso, e como seria impossível prescindir totalmente de um conteúdo (o vazio seria o resultado), resolveu pelo menos desviar-se dele, para estar sempre além, naqueles lugares que o ascetismo o constituiria.

Julio Plaza González (1938-2003)

Foi artista multimedia, escritor, gravador, professor  e pesquisador de meios eletrônicos, iniciou sua formação em Madri, na década de 50. Cursou a École de Beaux-Arts (Escola de Belas Artes de Paris).  Chegou ao Brasil em 1967, para participar da 9ª Bienal Internacional de São Paulo, integrando a representação espanhola. Com bolsa de estudos oferecida pelo Ministério da Relações Exteriores do Brasil, ingressou na Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI, no Rio de Janeiro.  No final década de 1960-(68-69), produziu, em São Paulo, com o editor Julio Pacello um Livro-Objeto, em serigrafia com recortes, um exemplo típico da obra aberta. De 1969 a 1973, foi professor de linguagem visual e artes plásticas no Departamento de Humanidades da Universidad de Puerto Rico, onde realiza esculturas no espaços abertos do Campus, inúmeras serigrafias e organiza o que foi provavelmente a primeira exposição de arte postal internacional: Creación, Creation, com a presença de cerca de 80 artistas de vários cantos do mundo. Retorna ao Brasil em 1973 e torna-se professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP e da Fundação Armando Álvares Penteado – Faap. Em 1975, publica com Augusto de Campos os livros Caixa Preta e Poemóbiles. Foi grande colaborador do Prof. Walter Zanini, então diretor do MAC, UPS, tendo organizado duas emblemáticas exposições internacionais de arte postal: Prospectiva (1974) e Poéticas |Visuais(1977). Sempre um estudioso das novas mídias e da teoria da arte, J. Plaza publica livros sobre video-texto e a tradução intersemiótica, e também inúmeros artigos e textos com grande rigor, nos quais manifesta uma visão crítica a respeito dos rumos que o sistema das artes e do mercado vão tomando no passar dos anos. É autor de Tradução Intersemiótica (Ed. Perspectiva, 1987). Publicou, entre outros livros: Plaza-Objetos (1969), Poética-política (1976), Arte e videotexto (XVII bienal de São Paulo), V-ideografia em videotexto (1983).

 

Rainer Maria Rilke (1875-1926)

Nasceu em Praga, na Boêmia, (atual República Checa), então pertencente ao Império Austro-Húngaro, e mudou seu nome, originalmente René, para Rainer. Estudou nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Em 1894, publicou seu primeiro livro, uma coleção de versos de amor, intitulados Vida e canções (Leben und Lieder). Alguns anos depois, em 1899, viajou para a Rússia a convite de Lou Andreas-Salomé, escritora e psicanalista, filha de um general russo, e que foi sua amante por muitos anos. A passagem pela Rússia imprimiu uma inspiração religiosa em seus poemas. Rilke passou a enxergar a natureza, dadas as dimensões e exuberância das paisagens russas, como manifestação divina presente em todas as coisas. Sobre este aspecto publicou em 1900 a coleção Histórias do bom Deus. Em 1901, casou-se com Clara Westhoff, de quem logo se separou. O século XX trouxe para a poesia de Rilke um afastamento do lirismo e dos simbolistas franceses com os quais se identificava. Em 1905, publicou O Livro das Horas, que teve grande repercussão à época. Nesta obra, seus poemas já apresentavam um estilo concreto, bem característico desta sua fase. Em 1902, foi para Paris, onde trabalhou como secretário do escultor Auguste Rodin, entre 1905 a 1906. Rodin exerceu grande influência sobre a poesia de Rilke, que se reflete em suas publicações de 1907 a 1908. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, Rilke morava em Munique e lá permaneceu durante todo o conflito. Antes, tinha vivido na região de Trieste, na Itália, e lá publicou, em 1913, A vida de Maria (Das Merien Leben) e iniciou a redação de Elegias de Duíno (Duineser Elegien), texto que só viria a ser publicado em 1923. Duíno era um castelo perto de Trieste, onde Rilke morou por dois anos antes da Guerra, a convite da princesa Maria von Thurn und Taxis. Após o conflito na Europa, Rilke mudou-se para a Suíça, a última de suas pátrias de eleição, onde viveu seus últimos anos.

 

Octavio Paz Lozano (1914-1998)

Octavio Paz Lozano (1914-1998) nasceu e morreu na Cidade do México. Viveu a infância nos Estados Unidos, morou na Espanha, em Paris, onde testemunhou e viveu o movimento surrealista, e também no Japão e índia, como diplomata. Entre suas obras destacam-se Libertad bajo palabra (1949), ElArcoy la Lira (1956), Blanco (1967), El mono gramático (1974), La Otra Voz (1990). Traduziu Matsuo Basho e Fernando Pessoa. Recebeu o Nobel de Literatura de 1990.

 

Joaquim de Souza Andrade (1833-1902)

Nasceu no dia 9 de julho de 1833, no Maranhão. Logo após formar-se em Letras e Engenharia de Minas na universidade de Sorbonne viajou longamente pela Europa, América Latina antes de voltar ao Brasil. Durante algum tempo, viveu em Nova Iorque. Essa experiência proporcionou-lhe a oportunidade de conhecer a fundo o sistema econômico capitalista, o qual considerou bastante distante da realidade vivida no Brasil. Filho de fazendeiros latifundiários, Sousândrade, como preferia ser chamado, criticava a aristocracia rural e apoiou as ideias republicanas e abolicionistas em seus poemas. Ao contrário dos poetas da terceira geração romântica, Sousândrade preocupou-se em definir na sua obra uma identidade não apenas do povo brasileiro, mas, sim, de todas as Américas. Em muitos de seus poemas, o autor retrata a vida e a cultura de povos nativos da Bolívia e do Peru e utiliza imagens da natureza para simbolizar a exuberância da natureza americana, sobretudo das áreas ainda intocadas pelos colonizadores. Um tema muito recorrente em seus poemas são as fortes industrializações europeias e norte-americanas e a inversão de valor advinda da postura capitalista.

 

Gilka da Costa de Melo Machado (1893-1980)

Nasceu em 12 de março de 1893, no Rio de Janeiro. Foi poeta e ativista política. Sua trajetória na literatura é marcada por ter sido a primeira mulher a publicar poesia erótica no Brasil e uma das raras mulheres representantes do Simbolismo. Na política, foi ativista pelo voto da mulher e uma das fundadoras do primeiro partido político feminino, em 1910. Casou-se com o jornalista e escritor Rodolfo Machado, com quem teve dois filhos: Hélio e Eros. Com a morte precoce do marido, foi faxineira de estação de estrada de ferro e abriu uma pensão para conseguir criar seus filhos. Premiada pela revista O Malho, em 1933, como a “maior poetisa do século”, recusou os incentivos para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, quando a ABL abriu espaço para mulheres. A ousadia por ser negra e escrever poesia erótica lhe rendeu diversos elogios, mas também críticas sustentadas no machismo, no racismo e no preconceito de classe. Morreu aos 87 anos, em sua cidade natal.

 

Ronald Augusto

Nasceu em Rio Grande (RS) a 04 de agosto de 1961. É poeta, crítico de poesia e ensaísta, formado em Filosofia pela UFRGS. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Puya (1987), Kânhamo (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), Decupagens Assim (2012), Empresto do Visitante (2013), À Ipásia que o espera (2016) e Entre uma praia e outra (2018).

 

Rute Castro

Nasceu em 1982, em Faro, Portugal. Estudou Língua e Cultura Portuguesa e Ciências da Cultura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aos catorze anos, recebeu das mãos da escritora Lídia Jorge o prêmio literário António Aleixo. Em 2012, foi finalista no concurso Novos Talentos de Literatura, promovido pela FNAC Portugal, com o conto Sobre os passos que matam. Em 2014, publicou o seu primeiro livro de poesia: O sangue das flores. É colaboradora de diversas revistas literárias em seu país. O som cardíaco com que me vive o silêncio foi publicado em Portugal, em 2019.

 

Dirceu Villa

É poeta, ensaísta, tradutor, professor e doutor em literatura. Além de seus livros, tem poemas publicados em revistas como Ácaro, Cult, Ciência e Cultura, Modo de Usar & Co., Celuzlose, IHU, Metáfora, além de publicações estrangeiras, como Rattapallax, Poetry Wales, Alforja, Alba & Neue Rundschau. Traduziu Lustra, de Ezra Pound (Selo Demônio Negro, 2011), e organizou a antologia de doze poetas brasileiros contemporâneos para a revista La Otra, do México.

 

Beatriz Azevedo

É poeta e multiartista. Doutora em Artes da Cena pela Unicamp e mestre em Literatura pela USP. Estudou música no Mannes College of Music em Nova York e dramaturgia na Sala Beckett em Barcelona. É autora dos livros Antropofagia Palimpsesto Selvagem (Cosac Naify), Idade da Pedra e Peripatético (Iluminuras). Está na antologia de poesia contemporânea Garganta, em LP e livro (Azougue), no Lula Livro (Perseu Abramo), em NAU – Cultura e Pensamento (Azougue). Escreveu ensaio para o volume A Cidade com Lacan: Cinema e Literatura (EBP). Participa do livro Acabou Chorare, com textos de Arnaldo Antunes, Beatriz Azevedo, Caetano Veloso, Hermano Vianna e Xico Sá. Traduziu os autores franceses Jean Genet e Bernard-Marie Koltés, publicado pela primeira vez no Brasil no livro Teatro de Bernard-Marie Koltes (Hucitec). A Biscoito Fino lançou seus discos A.g.o.r.a, AntroPOPhagia ao vivo em Nova York, e Alegria, também lançados na Europa pela gravadora Discmedi. Gravou ainda Mapa-Mundi [samba and poetry] e Bum Bum do Poeta (Natasha Records), que saiu no Japão pela Nippon Crown.Suas composições musicais foram cantadas por Adriana Calcanhotto, Celso Sim, Matheus Nachtergaele, Moreno Veloso, Zelia Duncan e Zé Celso Martinez Correa, entre outros. Criou parcerias musicais com Augusto de Campos, Cristovão Bastos, Hilda Hilst, Moreno Veloso, Oswald de Andrade, Raul Bopp, Vinicius Cantuária e Zélia Duncan. Atuou em Ópera Urbana Zucco,traduzindo e encenando a obra do dramaturgo francês Bernard Marie Koltès. Também traduziu Le Funambule, de Jean Genet, atuando em leituras dramáticas ao lado Zé Celso. Fundou sua própria cia teatral, Cabaret Babel, escrevendo e dirigindo diversos espetáculos, entre eles Bilitis e I Love: Maiakovski e Lili Brik.

 

Francesca Cricelli

É poeta, pesquisadora e tradutora. Repátria também foi publicado na Itália (Carta Canta, 2017). É autora de 16 poemas + 1, publicado em Nova Iorque (edição de autora, 2017) e em Reykjavík (Sagarana forlag, 2017). Organizou as Cartas de Ungaretti a Bruna Bianco (Mondadori, 2017) e traduziu, entre outros, Elena Ferrante (Biblioteca Azul, 2016). É doutoranda em Estudos da tradução na USP.

 

Natalia Barros

É poeta, cantora e paisagista. Nasceu em Santos em 1963. Trabalha com a palavra de diversas maneiras; publicou um livro: Caligrafias (Edital Proac 2011), compôs diversas canções para o grupo LUNI e para seu trabalho solo como cantora, fez entrevistas para a rádio (CCSP) com poetas e artistas, além do programa T42 no Portal de literatura CRONÓPIOS. É uma das curadoras do projeto: LANDSCAPES _ improvisos de poesia e música.

 

Liz Reis

É poeta, atriz e produtora de cinema e teatro. Atuou entre outras peças em A Casa (direção de RudiFran Pompeu), Camaradagem (direção de Eduardo Tolentino), Noel Rosa (direção de Marco Antônio Braz). Sob a direção de Marcelo M. Fonseca, atou em Na Selva das Cidades, de Bertolt Brecht, La Ronde, de Arthur Schnitzler, Joana d’Arc, de Friedrich Schiller, além de São Paulo Surrealista, que também dirigiu, em 2012. Nesse mesmo ano, dirigiu, produzi e atuou na montagem de Lição de Botânica, de Machado de Assis. Com direção de Zé Celso, foi produtora e atriz na peça Cacilda “3”, “4”, “4.5” e “5”, no Teatro Oficina. Em 2018, com direção de Mário Bortoloto, produziu e atuou nas peças Tudo que dói (prêmio Zé Renato), A pior das Intenções e no longa-metragem Whisky e Hambúrguer; e com direção Lavínia Pannunzio, atuou na peça A Serpente, de Nelson Rodrigues. Liz Reis foi indicada a melhor atriz no Prêmio Mambembe com Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau. Na televisão, foi apresentadora e participou da novela Dance, Dance, Dance (Band, 2007). No cinema, atuou no curta Coda (2000), dirigido de Flavio Barone e em Billy, a Garota (2007), direção de Mario Bortoloto.

 

Guilherme Ziggy

É poeta, tradutor e jornalista. Atua como Diretor de Criação na editora Autonomia Literária e na revista Jacobin Brasil. É autor e tradutor do livro Antifa – O Manual Antifascista, de Mark Bray  (2019). Escreveu e dirigiu o curta-documentário ‘Dias que Abalaram o Municipal’ (2018) e editou, em 2017, em parceria com a Biblioteca Roberto Piva, o jornal Pororoca. Foi também Coordenador de Comunicação da Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes), em Paraty, em 2018 e 2019. Mora em São Paulo.

 

Jussara Salazar

É poeta e artista visual. Publicou Inscritos da casa de Alice [1999], Baobá, poemas de Leticia Volpi [2002], Natália [2004], Coraurissonoros [Buenos Aires, 2008], Carpideiras [2011] com a Bolsa Funarte, livro finalistas do Prêmio Portugal Telecom na edição de 2012, e O gato de porcelana, o peixe de cera e as coníferas [2014].  Tem sua obra publicada em diversas revistas e traduzida para o inglês, o espanhol e o alemão. É doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/São Paulo e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná.

 

Monica Berger

Formada em Letras pela PUC-Paraná e pós-graduada pela UFOP-MG, onde foi professora de Linguística; ministrou oficinas literárias pela Fundação Cultural de Curitiba. Publicou o livro Poikilóthron (Marianas Edições, Curitiba/Abril de 2016) e participou da antologia poética Blasfêmeas, mulheres de palavra (Editora Casa Verde, Porto Alegre/2016). Sob o pseudônimo de Zoe de Camaris começou seus estudos relacionados ao Tarô nos anos 80, como autodidata. Mais tarde incluiu o Tarô nos estudos de especialização, no intuito de revalidá-lo como um sistema de linguagem visual adequado às prática interdisciplinares, na leitura do universo cinematográfico, literário e das Artes Plásticas.

 

Sergio Viralobos

Criou e participou, como vocalista e compositor, da Contrabanda e do Beijo AA Força, que são reconhecidas como bandas seminais do novo rock curitibano. Atualmente é cantor na Orquestra Sem Fim. Escritor e poeta publicou em parceria com grandes poetas curitibanos: Dois mais dois são três em um (1983), Perolas aos poukos (1988), Os catalépticos (1990), Eu, aliás, nós (1995), Um Fausto (1996),  Não temos nada a perder (2006) e Presença de espíritos (2012). Em 2014, publicou seu primeiro livro solo Piada louca. Em 2013, participou da antologia Fantasma civil, projetada por Ricado Corona. Em 2014, foi incluído na antologia 101 poetas paranaenses, organizada por Ademir Demarchi, para a Biblioteca Pública do Paraná.

 

Cláudia Lucas Chéu

Nasceu em Lisboa em 1978. Poeta, dramaturga e argumentista. É co-fundadora da Edições Guilhotina e da Teatro Nacional21. Tem publicados os textos para cena Poltrona – monólogo para uma mulher; Glória ou como Penélope Morreu de Tédio; Europa, Ich Liebe Dich; Violência – fetiche do homem bom; Círculo Onanista; Bank, Bank, You ́re Dead, pelas edições Bicho-do-Mato/ Teatro Nacional D. Maria II; A Cabeça Muda, pela Cama de Gato Edições; Curtas da Nova Dramaturgia – Memória, Edições Guilhotina, 2015. Publicou a micro peça Circle Jerk na Revista de Artes Escénicas Galega Núa. Em prosa poética publicou o livro Nojo, pela (não) edições, 2014. E em poesia tem os livros: Trespasse, Edições Guilhotina, 2014; e Pornographia, Editora Labirinto, 2016.

 

Luaty Beirão

Nasceu em Luanda e tem nacionalidade angolana e portuguesa. Licenciado em Engenharia Eletrotécnica pela Universidade de Plymouth, Reino Unido, e em Economia e Gestão pela Universidade de Montpellier, França, destacou‑se pelo seu trabalho enquanto músico. No universo do Rap, onde é conhecido por nomes artísticos como Brigadeiro Mata Frakuxz ou Ikonoklasta, já colaborou com os artistas Batida ou Ngonguenha, tendo participado ainda no documentário «É Dreda Ser Angolano». O fato de ser filho de João Beirão, primeiro diretor da Fundação Eduardo dos Santos, não o impediu de se tornar um dos nomes mais conhecidos do atual ativismo político angolano e de ter estado no início do que é conhecido como «movimento Revu» – movimento cívico de luta pela democracia e liberdade que tem promovido manifestações, encontros e debates, os quais deram origem à sua detenção, a 20 de Junho de 2015. Vive em Luanda com a mulher e a filha.

 

Vladimir Maiakóvski (1893-1930)

É tido como um dos maiores poetas do século XX. Engajado desde a juventude no movimento revolucionário russo, o autor fez parte do grupo cubofuturista ao lado de outros importantes artistas como Khlébnikov, Karmiênski e Burliuk, e revolucionou também o fazer poético à luz de uma nova expressão artística.

 

Ingeborg Bachmann (1926-1973)

Nasceu em 1926, na Áustria. Poeta, romancista, tradutora, libretista, ensaísta e dramaturga, recebeu em 1964 o Prêmio Georg Büchner. Ainda em vida foi reconhecida como uma das mais potentes vozes da literatura em língua alemã. Trabalhou intensamente com diversos artistas de sua geração, dentre outros o poeta Paul Celan e o compositor vanguardista Hans Werner Henze. Bachmann morreu em 1973, em Roma, devido a um incêndio em seu quarto de hotel, supostamente causado por um cigarro. Em 1976 foi instituído na Áustria o Prêmio Ingeborg Bachmann, que cumpre hoje como poucos o papel de laurear autores significativos no contexto da literatura em língua alemã.

 

Bertold Brecht (1898-1956)

Nasceu em 1898, no então Império Alemão. Poeta e dramaturgo, renovou os modos correntes de se fazer teatro e poesia através de um sistema literário próprio e condizente com suas reflexões acerca do funcionamento (ou não funcionamento) do sistema capitalista, criando assim uma das obras mais robustas e influentes do século xx. Grande opositor do nazismo antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, viveu vários anos no exílio. Depois de seu retorno e do estabelecimento da DDR (República Democrática Alemã) socialista, foi alçado rapidamente a grande artista do Estado. Morreu na DDR em 1956.

 

Herberto Helder (1930-2015)

É considerado o “maior poeta português da segunda metade do século XX” e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa (PoEx).  Sua aversão a tornar-se figura pública adorada, recusando homenagens, prêmios ou condecorações e negando-se a dar entrevistas ou a ser fotografado criou uma atmosfera misteriosa em torno da sua pessoa.
Em 1994 foi o vencedor do Prêmio Pessoa, que recusou. A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Em 1964 organizou com António Aragão o “1.º caderno antológico de Poesia Experimental” (Cadernos de Hoje, MONDAR editores), marco histórico da poesia portuguesa. Escreveu Os Passos em Volta, um livro que, através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano. Poesia Toda é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições da Poesia Toda, rebatizada Ofício Cantante, nomeadamente Vocação Animal Cobra.

 

Zibgniew Herbert (1924-1998)

 Poeta, dramaturgo e ensaísta, é um dos grandes nomes da poesia polonesa e um dos mais importantes poetas do séc. XX. Embora tenha iniciado sua carreira literária entre os 19 e 20 anos, só publicou tardiamente, época do lançamento de seu primeiro livro Struna światła (Corda de Luz), em 1956, por se recusar a aderir a estética do realismo socialista, obrigatória na Polônia, na época do stalinismo. Durante o período de maior repressão política na Polônia, opôs-se à censura do regime stalinista, que o afastou da vida pública, e dedicou-se exclusivamente à literatura. O primeiro reconhecimento de sua obra foi através das traduções de Czesław Miłosz e Peter Dale Sco , em 1968. Alcançou reconhecimento internacional nos anos 80, com a tradução do livro Um bárbaro no jardim (Barbarzyńca w ogrodzie), de 1962). Sua poesia dialoga com mitos, com a história, com outras obras literárias. O Senhor Cogito é o retrato de um intelectual nos “tempos de indigência”.

 

Hermann Hesse (1877-1962)

Mostrou-se desde jovem um poeta solitário e sensível que não conseguia encontrar seu caminho no mundo. E recusando as queixas dos artistas de seu tempo, impôs a si mesmo um silêncio com a tradição, que só encontrava nas longínquas pradarias de sua terra, o que o salvou de uma forte depressão, além da análise com Carl Jung, o que o aproximou das ideias do psicanalista.
Hesse faleceu em Montagnola, na Suíça, no dia 9 de agosto de 1962. Tanto na pequena Colw, na Alemanha, assim como em Montagnola, a cidadezinha que fica no Tessino, um cantão Suíço, podemos tentar sentir o que ele descreveu e nos apercebermos do porquê de suas revoltas contra a escola, a família, o cristianismo, o estilo burguês de vida, a guerra, a Europa e contra todos os tabus que o lar, o casamento, a sociedade, a religião e o Estado nos querem impor. Nessa luta, sua única arma foi uma caneta.
Hesse foi muito cultuado nos anos 60, alçado a uma condição de guru após a repercussão mundial de alguns de seus livros, como SidartaO Regresso de Zaratustra e o mais traduzido de todos, O Lobo da Estepe, que segundo alguns críticos deu nome à banda de rock psicodélico Steppenwolf, que fez trilha para muitas viagens de gerações de hippies e de filmes como Easy Rider, e acabou por influenciar ainda mais gente a ler os seus livros do que quando ele ganhou o Nobel de Literatura, em 1946.

 

Jean-Marie Willer Denis

É escritor, dramaturgo, diretor de teatro e advogado no Haiti. Foi um dos fundadores do Movimento “Crioulo haitiano”, iniciado em 1965. Nesse mesmo ano, também criou a Sosyete Koukouy (Sociedade dos vaga-lumes), uma empresa multidisciplinar de artes dedicada à preservação das tradições e rituais culturais haitianos. Em 1969, Mapou foi preso pelo ditador Duvalier por suas atividades na promoção do Kreyol haitiano. Imigrou para Nova York em 1972, antes de se estabelecer em Miami, em 1984. Ajudou a fundar escritórios da Sosyete Koukouyin em Nova York e Miami, e atuou como diretor artístico da Sociedade. O legado da escrita de Mapou inclui 2 livros de poesia, 1 de conto e 8 peças. Ele também dirigiu mais de 15 peças no Haiti, Nova York e Miami. É dono da Libreri Mapou (Livraria Mapou) em Little Haiti, que possui um dos maiores inventários de títulos sobre a cultura e a história haitianas. Mapou também apresenta dois programas de rádio sobre educação e cultura na Rádio Pública WLRN e atuou em vários conselhos, incluindo a Miami Book Fair International. É o co-fundador da Haitian Arts Alliance. Em 2007, recebeu o prêmio Folk Life Award do Estado da Flórida.

 

Evandro Affonso Ferreira

Escreveu vários romances, entre eles: Minha mãe se matou sem dizer adeus (Prêmio APCA – melhor romance do Ano, 2010), O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Roterdam (Prêmio Jabuti – melhor romance do Ano, 2013), Nunca houve tanto fim como Agora (Prêmio Biblioteca Nacional – melhor romance do Ano, 2018), entre outros livros. Muito conhecido no meio literário de São Paulo, para onde se mudou em 1963, por ter montado, nessa cidade os sebos Sagarana e Avalovara, que eram na realidade seu acervo pessoal, com mais de três mil livros. Neles recebia escritores novos e consagrados e ajudou a formar pelo menos duas gerações de autores contemporâneos. O escritor e ensaísta Ronaldo Cagiano assim descreveu Evandro: “Ligado visceralmente à palavra, outra faceta de Evandro é o trabalho que vem realizando, há anos, ao explorar o diversificado universo do nosso idioma. Como um escafandrista, meio arqueólogo e Quixote, garimpou em seu léxico pessoal cerca de três mil palavras sonoras, no que considera seu dicionário particular”.

 

Júlio Barroso (1953-1984)

foi jornalista, compositor, cantor, DJ, agitador cultural e poeta. Foi editor da revista Música do Planeta Terra (editada e lançada, por JB em 1975). Criou a Gang 90 & Absurdettes no início dos anos 80. O primeiro disco da banda Essa Tal de Gang 90, lançado em 1983, foi precursor do movimento NEW WAVE. Os outros dois discos da GANG 90, gravados após a morte de Júlio Barroso são Rosas e tigres, de 1985, e Pedra 90, de 1987.

 

Rubén Dario (1897-1916)

Foi um poeta e porsador nicaraguense, iniciador e máximo representante do modernismo literário em língua espanhola. Possivelmente é o poeta que tem mantido a maior e mais duradoura influência na poesia do século XX no âmbito hispânico. É chamado de príncipe de las letras castellanas.

 

Jorge Ialanji Filholini

Nasceu em São Paulo no ano de 1988, mas viveu mais de vinte anos em São Carlos, interior do Estado. Escritor, editor e produtor cultural. É fundador do site cultural Livre Opinião – Ideias em Debate. Em 2016, publicou o livro Somos mais Limpos pela Manhã (Selo Demônio Negro), finalista do Prêmio Jabuti.

 

 

Ramón Gómez de la Serna (1888-1963)

Ou Ramón, como gostava de ser chamado, escreveu mais de cem livros. Participou das vanguardas literárias madrilenhas do princípio do século XX, mas deixou a cidade no início da Guerra Civil, em 1936. Escreveu especialmente “biografias”, nas quais o personagem resenhado era uma desculpa para criação de anedotas verdadeiras e inventadas. No teatro, o melhor expoente de sua estética inovadora é Los médios seres (1929), de influência surrealista. No livro EI Rastro (1914), la Serna encontrou uma forma de renovar o “costumismo” madrilenho, o madrilenhismo castiço, onde objetos infortunados e abandonados eram salvos por uma invocação lírica. Da extensa obra literária de Gómez de la Serna destacamos ainda Tapice (prosa, 1912, com o pseudónimo de Tristán); Senos (prosa, 1917); Ramonismo (1923); El secreto del acueducto (novela, 1923); Gollerías (1926); Seis falsas novelas (1927); La Nardo (novela, 1930), Explicación de Buenos Aires (ensaios, 1948), Automoribundia 1888-1948 (autobiografia, 1948) e as biografias de Goya (1928), entre outros.

 

Rodrigo de Souza Leão (1965-2009)

Foi um jornalista, músico, poeta, prosador e pintor brasileiro.

Rodrigo é autor de livros, como: “Todos os cachorros são azuis” (virou peça teatral adapta por Ramon Mello), “Me roubaram uns dias contados” (romance póstumo que será adaptado para o cinema), “O Esquizoide — Coração na Boca” (romance póstumo que será adaptado para o cinema por Felipe Bragança), “Há Flores na Pele” e “Carbono Pautado”, entre outros. Foi um dos autores premiados no Prêmio São Paulo de Melhor Livro edição 2008.

Foi vocalista da banda Pátria Armada e fundador e coeditor da Zunái — Revista de Poesia & Debates.

 

Leonardo Aldrovandi

´É escritor, compositor e professor. É pós-doutor pela Unicamp e pela Unesp, fez doutorado em Comunicação e Semiótica pela Puc de São Paulo. Foi professor de Filosofia da Fundação Mineira de Educação e Cultura, de Estética e Escrita Criativa da FMU e de Música da Universidade Anhembi-Morumbi. Foi membro-criador do grupo catalão “***” de arte, e trabalhou na produção e criação musical de espetáculos em Barcelona, Avignon e Lisboa, colaborando com Tiago Carneiro, Arnaldo Antunes, Ignacio de Campos, Wander B., entre outros artistas. No Brasil, produziu e criou espetáculos como Teares da memória sonora, pela Secretaria de Cultura, projetos de criação e mediação, como Retrato Sonoro, além de ser autor de composições para solistas, orquestras (USP e Unicamp) e grupos de câmara. Como escritor, recebeu os prêmios Jabuti de poesia, por Da lua não vejo minha casa (Selo Demônio Negro), e Proac de criação em prosa, por Voos, penas e bicos. Como ensaísta e teórico, publicou O sonoro e o imaginável, pela editora Lamparina Luminosa, A ideia de espaço na música instrumental recente, pela editora Omniscriptum, e Música e mimese, pela Editora Perspectiva.