Funcionando como uma pequena janela, esta miniantologia contêm cinco poetas. Dois belgas, dois holandeses, e um de nacionalidade indefinida. Quatro vivos, um morto. Para o leitor brasileiro, o que primeiro chama atenção é a presença de Michael Ondaatje, autor de “O paciente inglês”, de descendência holandesa. Mas o grande mérito de Vanderley Mendonça é apresentar ao público brasileiro o belga Paul van Ostaijen, monumento da poesia de língua holandesa. Até então, Van Ostaijen nunca tinha sido lançado no país em formato de livro – teve somente alguns poemas publicados em jornais, nos anos 50 e 80.
Se melhor divulgado fora dos países de língua holandesa, Van Ostaijen certamente teria feito a cabeça dos concretistas. Um deles o conhecia de passagem, ao menos. Sabe-se que Haroldo de Campos possuía dois livros de Van Ostaijen: sua poesia completa em holandês (que Haroldo provavelmente entendia um pouco devido à semelhança dessa língua com o inglês e alemão) e uma antologia em língua inglesa.
Sobre os autores
Luuk Gruwez nasceu em Courtrai, Bélgica, em 1953. É poeta e professor flamengo. Uma das vozes mais atuantes do neoromantismo belga como resposta ao neorealismo que tomou de assalto quase toda a poesia no início do século XX, especialmente a poesia norte-americana e a europeia.
Michael Ondaatje nasceu no Sri Lanka (o antigo Ceilão), em 1943. De ascendência holandesa, cingalesa e portuguesa, foi criando na Inglaterra e aos 19 anos emigrou para o Canadá, onde se naturalizou. Em 1992, alcançou fama internacional com o romance The English Patient, que lhe rendeu o Booker Prize.
Antoon Tellegen (Antonius Otto Hermannus Tellegen) nasceu em Brielle, Holanda, em 1941. Sua obra poética, iniciada com a publicação de De zin van een liguster, em 1980, tem raízes nas for- mas de meditação primordiais, em que o poeta torna-se a voz que questiona nossa condição de sapiens, ou a validade do pensar.
Miriam van Hee nasceu em Ghent, norte da Bélgica, em 1952. Marcada por uma forte nostalgia, a poesia de Miriam van Hee é uma procura de reconciliação com o mundo, apegando-se à segurança das relações. No entanto, a ilusão de um mundo seguro é quebrada abruptamente num verso.
Leopold Andreas (Paul) van Ostaijen, o dândi de Amberes, o Vlaams dichter (poeta Flamengo) dadaísta-futurista, o senhor 1830, nascido na Antuérpia, em 1896, é considerado o maior poeta belga do século XX. As influencias do Expressionismo alemão, do Dadaísmo e da primeira fase do Surrealismo formaram uma amálgama para que Ostaijen criasse um estilo que influenciou toda a poesia de língua holandesa.