Julio Cortázar, comparando a arte de escrever com o boxe, disse que alguns textos ganham o leitor por pontos corridos e outros ganham por nocaute. No caso do livro de contos Somos Mais Limpos Pela Manhã (Selo Demônio Negro, 2016), do Jorge Ialanji Filholini, eu perdi na primeira vez por W.O! Não estava pronto para encarar uma briga desse tamanho e tive que jogar a toalha para poder me preparar melhor. Afinal, eu devoro um livro pelas beiradas, leio os dados bibliográficos, qual a editora, qual a edição, quem revisou o material, em que cidade foi impresso, degusto o texto com calma, mergulho na história de cabeça ou nem continuo lendo. E como Caco Yshak bem avisou na sua apresentação, os contos do Jorge são uma bela troca de socos, na verdade, são como uma surra bem dada…
Mas, finalmente, consegui travar essa briga. E que briga! Tomei pancada da tiazinha que sonhava em comprar um portão para casa dela, do narrador que achou ruim que mataram o personagem que ele tanto gostava, do youtuber que ficou puto por não ter sido reconhecido na rua, do cara que não sabia o que fazer com esses irmãos que a gente escolhe e de tantos outros que saí com os olhos roxos.
Sobre o autor
Jorge Ialanji Filholini nasceu em São Paulo no ano de 1988, mas viveu mais de vinte anos em São Carlos, interior do Estado. Escritor, editor e produtor cultural. É fundador do site cultural Livre Opinião – Ideias em Debate. Em 2016, publicou o livro Somos mais Limpos pela Manhã (Selo Demônio Negro), finalista do Prêmio Jabuti.